Sim, o design comunica! As mensagens são passadas por meio da inteligência
contida nos traços, nos grupos de linhas, nas formas que elas criam, como
também nas cores e nas combinações que elas formam umas com as outras. É
perceptível o grau de raciocínio que o traço exigiu para que pudesse ser
formulado. Também é perceptível, por meio de significâncias culturais, para
qual público um determinado design
está direcionado. É uma comunicação ao mesmo tempo declarada e subliminar.
Declarada, porque está visível aos olhos de quem quiser ver. Subliminar, porque
nem sempre se entende de modo consciente o que se está lendo.
Mas o design faz muito mais que
isso. A prática do design – quando devidamente atrelada ao posicionamento de
marca e ao planejamento estratégico da empresa – conhecida como design thinking é considerada hoje como uma das
grandes responsáveis pela criação de relevância e valor agregado para as marcas.
E como uma comunicação não-verbal faz tudo isso? Bem, ela não é tão não-verbal
assim.
O design thinking é uma redefinição transdisciplinar da prática do
design de modo a ampliar sua área de atuação. No âmbito empresarial, esta nova
prática atua desde a detecção do problema, passando pela leitura do comportamento
do consumidor, até culminar em soluções criativas e inovadoras para produtos e
serviços. Desta forma, a prática do design
thinking é colocada como atuante
direta e ativa na cultura social/comportamental. Isto acontece por meio de três
esferas que se interseccionam. São as esferas institucional, social e funcional,
que permitem ao design thinker (o
profissional) a criação, o desenvolvimento e a entrega de produtos e serviços
com valor reconhecidamente superior, ainda que seja pela sua simplicidade de
uso.
No cerne da esfera institucional está
a viabilidade de execução do produto ou serviço. Questões que envolvem sua formulação
ou fabricação como planta fabril, tecnologia e matéria prima – no caso de
produtos – bem como planejamento e qualificação de mão-de-obra (treinamento de
funcionários) – no caso de serviços – até questões administrativas ou de
marketing como posicionamento da marca, por exemplo, são pontos relevantes na
definição dos preceitos do design thinking.
Na esfera social está o
consumidor com suas necessidades e desejos. São levadas em conta as
necessidades para fins de definição de atributos do produto ou serviço (as
características racionais ou tangíveis). Porém, o foco recai sobre os desejos,
que envolvem tanto os benefícios do produto ou serviço quanto às questões
sociais que influenciam no comportamento do consumidor (as características
psicológicas ou intangíveis). É justamente aí que o design thinking busca seu
potencial de ação, pois atua a partir da leitura do comportamento do consumidor
como em um processo de co-criação.
Por fim, na esfera funcional está
o design thinker (e equipe
multidisciplinar) e a prototipagem. Nesta esfera acontece a atuação dos profissionais
que vai desde a leitura das outras esferas até a definição da solução na forma
de produto ou serviço em sua versão teste. É neste momento também que acontece
a avaliação da capacidade do produto e seus valores em atender o consumidor e
seus desejos. A intenção é de que a entrega de valores como diferenciação,
simplicidade, praticidade, comunicação e pertinência gere uma sensação de
completude. Esta sensação de completude contribuirá para o relacionamento consumidor/marca,
pois o primeiro recebe o produto ou serviço como algo que tem efeito de sentido
em sua vida.
Do ponto de vista do consumidor,
o valor ou brand equity (Customer-Based Brand Equity – CBBE) que
o design thinking gera para a marca está exatamente na intersecção das três
esferas. Esta intersecção é tangibilizada em forma de produto ou serviço. O
produto ou serviço é, portanto, a conversão de todos esses valores intangíveis
em um objeto único, com interface criativa, diferenciada e inovadora, coerente
com o posicionamento da marca e o planejamento estratégico da empresa, e que
atende tanto as necessidades quanto os desejos mais abstratos de cada
consumidor.
Referências: BROWN, Tim. Design
Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias.
Campus, 2010.
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